Não é uma tarefa fácil, essa de escrever. Não é só falar de amor e ponto, é muito mais do que isso. Falta inspiração? Já dizia alguém, saia para dar uma volta que a inspiração aparece.
Vamos dar uma volta então? Entra no carro, eu dirijo. Que rua é essa e quem foi que pichou aquela palavra feia no muro? Aquilo não estava ali ontem. De onde vêm esses gritos? Acho que da casa da vizinha. Quem revirou o lixo? O cachorro da vizinha é uma criatura tão doce quanto ela. Onde estamos?
Passa árvore, passa poluição enquanto o vento ruge do lado de lá da janela do carro. Onde está a inspiração? Vamos voltar pra casa?
Eu sempre gostei tanto desse meu quarto escuro. Aqui estão todas as minhas entrelinhas, as quais costumo chamar de fragmentos de solidão, ou o contrário. Aliás, qual é o contrário de solidão? Qual é o sinônimo? Acho que não existe. Solidão é que nem saudade: não há tradução. São dois sentimentos dolorosamente belos e indefiníveis. E, quer saber de uma coisa? O indefinível, na medida certa, encanta. Definir-se é viver no meio termo, nem tente. Suas atitudes e gestos complexos ou simples, com o tempo, te definirão. Deixe seu amor vagar por aí com vendas nos olhos. Fique alerta: você pode se surpreender. Abrace o perigo com todas as suas forças, não tenha medo de se machucar. Eu já me machuquei e garanto que dói. E não é pouco. Mas eu também tenho uma notícia boa pra você: passa. Leve o tempo que for, mas passa. Por isso,viva enquanto há tempo. Não tenha limites, ame até perder o ar e sofra até não agüentar. Trave uma guerra com os extremos, mesmo que não haja um vencedor. Empate.
Inspiração não é sair na rua e ver a auto-destruição da humanidade. A inspiração está bem aí, em você, até mesmo quando não há nada a dizer. Lembre-se: Uma folha em branco é silencio.
(E pode dizer muito, como agora, por exemplo...)
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