sábado, 11 de setembro de 2010

- unilateralismo, falta de altruísmo e milhares de outros ismos


Quando eu era pequena, sempre dizia pra minha mãe que queria ter vivido os anos 80. Nunca realmente pensei muito sobre o mundo naquela época, a única coisa que me importava era ter um lugar pra ir todo sábado à noite e que alguém, adequadamente vestido, me tirasse para dançar. Contanto, três décadas depois, aqui estou eu. Viver de passado ou forçar uma lembrança que sequer existe é considerado piegas. Não que eu ligue pra isso. É que fica aquela curiosidade... aquela vontade de saber como seria. Como seria dançar uma música lenta olhando nos olhos de alguém? Como seria viver num mundo onde há mais poesia e menos hipocrisia? Não há resposta para algumas perguntas. Não há.
Impera o capitalismo, o ceticismo, o egoísmo e milhares de “ismos”. Eis o mundo atual. Será que tem volta? Não sei. Não depende (apenas) de mim.
Que tragam de volta a poesia! Que mais cartas sejam escritas a mão e entregues pelo carteiro algumas semanas depois, não só pelo prazer de receber algo palpável, mas pela indiscutível possibilidade de analisar exatamente como o seu nome fica bonito escrito naquela caligrafia familiar, ou então a textura do papel, o cheiro. O fato de você saber quem escreveu nele, de quem ele era antes de te pertencer. Receber uma carta é quase como receber um coração, só que em palavras transcendentalmente bem escritas.
Sabe de uma coisa? Mesmo que pudesse, não voltaria para esse passado inexistente. Até porque ele já se faz presente. Eu gosto de poesia, rodinhas de violão, cartas e qualquer tipo de romantismo. Só falta alguém para me acompanhar nessa dança. E não, não vou lhe dar o prazer de conduzir se for pra me atirar à solidão mais tarde. Diga-me quais são suas intenções primeiro. Não que eu tenha medo de me machucar, isso é só precaução. Algum aprendizado há de ter: Por mais forte que seja um amor, que seja inacreditavelmente intenso até que lhe falte o ar, se for unilateral, de uma forma ou de outra, um dia, acaba. Se não for, quem sabe? Durará para sempre? Não sei, mas acredito que sim. E basta.



- "Penso, com mágoa, que o relacionamento da gente sempre foi um tanto unilateral, sei lá, não quero ser injusto nem nada - apenas me ferem muito esses teus silêncios." (Caio F.)

Um comentário:

Mihai disse...

Onde está a vida simples, o romantismo, honestidade, as cartas que são escritas pelo coração.
Tenho saudades dos velhos tempos. Muitos dizem que eu sou antiquado, mas eu não me importo. É melhor do que ser cético e egoísta. Eu acho que você vai concordar quando digo que a mente é para você e para o coração é para aqueles ao seu redor.
As pessoas precisam mudar. Você não precisa mudar, porque você é parte da década de 80, simples, honesta e romântica.
Esperançosamente nós podemos fazer uma mudança. E se não, pelo menos vamos ser felizes entre os românticos.