terça-feira, 25 de maio de 2010

Daydreaming


Fechei os olhos e ali estava eu. Junto com você.

Que indelicadeza mais linda da sua parte, essa de aparecer justamente quando não me ouviu chamar. Por que você faz isso comigo? Toda vez eu perco o ar. É divertido? Tudo bem, confesso que gosto dessas surpresas.

Diga-me porquê tenho que te arrancar de dentro de mim. Não quero fazer isso. Não quero abrir os olhos. E não vou.

E como materializar essa nossa irrealidade, sendo que pra mim, tudo foi sempre tão real? E continua...

Não precisa ser difícil. E não é. Seria se estivéssemos separados pelo tempo: eu no passado e você no futuro, ou vice-versa. Mas nós estamos aqui. Não fomos antes, não seremos depois. Nós somos agora. Afinal, o que me separa de você?
Um carro, a cor do dinheiro e alguns quilômetros. Minha pausa e a sua continuação. Seus horários e seus compromissos com você. Meu amor incondicional. As cartas que não mandei e as respostas que não recebi. Muitas ruas e estradas. Todas as saídas e nenhuma entrada. Um outro coração, que não é o meu, mas é o que você escolheu. É o que nos separa... uma vida paralela e já planejada.
Não precisa ser difícil assim. Viva essa irrealidade comigo, custe o que custar. Aqui, estamos juntos. Como as estrelas, brilhando no firmamento. O que me separa de você?
Nada.


(Só um pensamento...)









After all, you’re my wonderwall...

domingo, 23 de maio de 2010

Espelho Falso




Um espelho falso. É. Daqueles que de um lado você pode ver o lado de lá e do outro, apenas o seu reflexo. Eu estou do lado de cá. O transparente. Onde não posso me ver, nem saber se estou bonita ou ao menos apresentável. Alguns chamam isso de falta de amor próprio. Que seja. Eu discordo.

E do outro lado, você se vê. Olha e ama a si mesmo. Seu Narcisismo é tanto, que chega a ser quase admirável. Arruma os cabelos, sorri para a própria imagem. Enquanto isso, eu sorrio pra você.

Inventa coreografias malucas, troca de roupa, faz caretas. E me diverte. Se não, me deixa sem reação. Sem fala. Sem nada.

Corre para a porta e certifica-se que ela está trancada. Chega perto do espelho para treinar um beijo. Está tão perto que sua respiração dá vida ao vapor no espelho. E alguém bate na porta. Sai correndo sem olhar pra trás e finge que aquele momento piegas não existiu. E do lado de cá, no vapor, há um desenho de coração que você não viu...










Mesmo tendo juízo não faço tudo certo. Todo paraíso precisa de um pouco de inferno... – Martha Medeiros, claro ♥

quarta-feira, 12 de maio de 2010

Déjà vu


Xícaras de café, maços de cigarro e copos de cerveja vazios. Típico de uma roda de poetas, curtindo a vida boemia.

Beethoven e Chopin tocando na vitrola. Romantismo dos corações até os ares, numa espécie de viagem só de ida e sem parada. Romance que se preza é aquele que expulsamos da alma e não precisamos de volta, por que sempre há o que expulsar. Todos os corações batendo em um ritmo só.

Homens de terno e gravata, mulheres de longo – essa era a lei. Sorrisos para eles, botões de rosa para elas. Simplicidade costumava arrebatar a todos. O incontestável também.

Eis a antiga realidade - um frenesi.

O presente chegou de pára-quedas, ironicamente sem amortecer a queda, trazendo consigo o caos, a falta de romantismo e a falência entre cada par de corações.

Usar terno e gravata é cafona, presentear uma mulher com flores é piegas. Escrever um poema então, nem se fala.

Beethoven e Chopin caíram no mar do esquecimento que, inclusive, secou. Muito do que era foi esquecido – os valores, as verdades e as ideologias – e não volta mais. O que resta é a esperança. Ter esperança. Desistir da realidade de vez em quando, ou de vez em sempre, não faz mal a ninguém. Sonhar é bom. Déjà vu também.





I know the desert can't hold all the love that I feel in my heart for you. If I could spread it out across the sea, I know my love would cork it up...

domingo, 9 de maio de 2010

Não-fim


Vontade de fugir. Desaparecer com os meus versos inversos, que sinceramente têm sido meus melhores amigos. E também com as hipóteses, falsas ou não. É que na verdade, o “se” me encanta.

Se eu der continuação a uma história que já teve um fim, encontrarei alguma recompensa no final? Só saberei se assim o fizer.

Cansei de não arriscar. Faça-me uma proposta insolente. Indecente. A ousadia não me permitirá recusar.

Retroceder ou ficar estática não faz parte da minha natureza. Pelo menos, não mais. Deixo ser. Deixo estar. E se for preciso, deixo voltar.


Vontade de fugir.

Não, não quero ir sozinha. Só não te convido pra ir comigo, por que se o fizesse, fugiria pra você. Em você.

Queria dançar com você pra sempre, ainda que os passos cheguem ao seu limite. Desta forma, criaríamos uma coreografia diferente para esta dança, a qual chamamos de vida. Afinal, qual é a graça de seguir a regra dos “dois pra lá e dois pra cá”? Não há.


Estou aqui justamente para dizer que não tenho pressa. Só para te deixar saber que não precisa retribuir meus sentimentos, mas é necessário que me deixe senti-los até o fim. Ou até o não-fim. Aliás, qual outra palavra além de “eternidade” ou “para sempre” eu poderia usar? Não-fim. O contrário de fim, que não é o começo.

É isso mesmo. Recusar o fim. Fugir com o intuito de não terminar, mas sem querer recomeçar. Desejar o não-fim, que ultrapassa os encantos do re-começo.


Fugir de você e depois fugir pra você. Em você.





Não é um dos meus melhores. Mas mesmo assim, I don’t care anyways.






Runaway, yeah! Runaway, yeah...

sábado, 8 de maio de 2010

Inventando...



Será que o interminável brilho das estrelas também está nos olhos de quem vê? É que hoje elas estão diferentes. Não digo mais brilhantes, mas diferentes. Não me pergunte porquê. Estão.

É uma confusão doce, essa de não entender as coisas. Tudo acontece ora com monotonia, ora com avidez, como se tivesse sido ensaiado e seguisse em um ritmo e harmonia perfeitos. Seguir esse ritmo e aproveitar essa harmonia é outra história.

Hoje, não mais do que agora, mesmo em meio à confusão, me sinto invencível. Ainda que isso seja pouco diante da cobrança que tenho sobre mim, nesse milésimo de segundo não há dor que me atinja. Eis a minha força. Às vezes, um “só isso” basta. Só isso.

Sendo invencível, posso fazer o que quiser. Dizer o que vier na minha cabeça, sem medo de ser inconseqüente. E hoje não quero nada disso. Quero a diferença. Quero sê-la.

Escreverei seu nome ao contrário com batom vermelho no espelho, só pra que você leve alguns segundos a mais para me ler. Quando te escrevo é com o coração, portanto quando você lê, simultaneamente está lendo a mim.

Presentear-te-ei com um barquinho torto de papel feito por mim. Tenho certeza que ganho pelo menos um meio sorriso, daqueles de canto de boca, que tanto me encantam.

Quero te desnortear com as palavras. Descrever-te, mesmo que seja impossível. Mas hoje sou invencível, te levarei ao infinito com meus dizeres. Vou procurar palavras no dicionário se for preciso. Hoje, eu te descrevo. Se a palavra que eu procuro não existir, tudo bem. Eu invento.





I feel the earth move under my feet. I feel the sky tumblin' town, a-tumblin' down, a-tumblin' down, a-tumblin' down, a-tumblin' down, a-tumblin' down, tumblin' down.... ♫

(Carole King - I Feel The Earth Move)