segunda-feira, 29 de março de 2010

Frisson


Acordei com aquela boa e velha vontade de voar. Vontade, a qual se fez presente o tempo inteiro mas que nunca foi saciada, não por falta de oportunidade, mas por medo de altura. E hoje decidi que vou perder esse medo – enfrentarei uma altura vertiginosa.

Loucuras foram feitas para serem cometidas e hoje chegarei ao meu limite, ou ainda melhor: ultrapassá-lo-ei. Vinte e quatro horas não serão suficientes - quero dançar noites inteiras, sem parar. Lançar um olhar sedutor para aquela pessoa do outro lado da rua, que ao menos sei o nome, só pra provocar. Quero fazer uma guerra de travesseiro de penas de ganso e sujar a casa toda. Rolar no chão. Brincar com bolinhas de sabão...

Ser criança é uma coisa. Hoje sou mulher e sinto-me criança, o que é totalmente diferente. Sou uma pequena mulher que brinca de esconde-esconde, mas também sou uma grande menina com uma carteira de motorista nas mãos. Creio que este seja um gostinho de liberdade, e é doce.

Dar-me-ei o luxo de esquecer todas as tristezas por alguns dias. Quero apenas fazer brindes.

Um brinde àquela lata velha, estacionada do outro lado da rua. Um brinde aos insetos que rodeiam a lâmpada do poste mais antigo da cidade. Um brinde ao que não é notável e ao que é indispensável também, por isso brindemos ao nosso salário no fim do mês, aos finais de semana e feriados. Um brinde ao que temos (até ao que não temos). Um brinde a mim, um brinde a todos nós.

Ainda que seja momentânea, que sensação maravilhosa essa tal de Liberdade! Estou quase chegando no ponto mais alto, de onde irei saltar...


Me arrependi de estar ali por um segundo e quando cheguei ao topo quis voltar, sentir meus pés no chão. Foi aí que o vento soprou e eu esqueci qual era o meu medo. E mentalmente gritei uma viva a todo o amor que há no mundo. Viva!

Fechei os olhos e todos os sentimentos vieram à tona. Ri.

Adrenalina, ansiedade, medo. Alegria. Um verdadeiro frisson entre minha alma e a liberdade.


Saiam todos da minha frente, eu vou voar.







- Incrível. Simplesmente incrível. Parece que a cada ano eu fico mais ansiosa pro meu aniversário. Tá certo que esse tem algo em especial, afinal, não é todo dia que alguém completa dezoito anos. Dezoito. Dezoito anos. Meu Deus, como é estranho dizer isso. Não sei porque, mas nunca me imaginei sendo maior de idade, nunca ESPEREI ansiosamente por isso. Sem contar essa semana, claro. Sei que não muda nada, mas muda tudo. Quer dizer, agora já vou poder dirigir (cuidado!) e serei OBRIGADA a votar (haha, piadas a parte).

Além do mais, fazia tanto tempo que meu aniversário não caia num sábado de aleluia. Lembro que quando eu era criança, adorava. Não sabia nem o que era um sábado de aleluia, mas gostava do nome. Enfim, isso não vem ao caso.

É. É muito estranho. As pessoas sempre me disseram que eu penso (e sinto) como se fosse muito mais velha, mas eu não me sinto com dezoito. Sei que sou completamente imatura às (muitas) vezes e não me envergonho nem um pouco disso. Dezoito. Muito, muito, MUITO estranho. Mas não vejo a hora. Mesmo que não mude nada, como já disse antes.

Tô postando agora porque deu vontade de escrever isso, uma vez que não sei se postarei de novo antes do meu aniversário. Provavelmente sim, mas se deixasse pra depois a “inspiração” que tive agora, não seria a mesma coisa. Escrevi esse texto como se fosse onze horas e cinqüenta e nove minutos do dia 2 de abril, só pra constar.


Presentes são completamente dispensáveis, mas Audi TT é meu carro preferido e, visto que meu aniversário é um dia antes da páscoa, o chocolate que eu mais gosto é Ferrero Rocher. Fica a dica.

HAUHAUHAUHAUHAUHA




3 de abril. Meu querido 3 de abril... chega logo!

4 dias...



Beijos.

sexta-feira, 26 de março de 2010

Covardia

Vou lhe dizer o que é covardia. Covardia é você ligar pra ela só pra saber se está tudo bem, sendo que isso não te importa nem um pouco. Covardia é você beijá-lo sem sentir vontade. Não sou a primeira a dizer isso, mas com sentimento não se brinca. A verdade dói, mas a mentira corrói até o final, se você não sente, não abra a boca para dizer que sente. Um tapa, um tombo, uma ralada no joelho, doem. Mas dor física é diferente de dor sentimental: a dor física é só naquele momento, depois passa. A dor sentimental também passa, mas demora. Enquanto essa dor não vazar inteira pelos olhos, pelas palavras e pelas noites de insônia, não vai passar. A maior covardia é brincar com os sentimentos de alguém, seja quem for.

Covardia é não querer. Não querer saber mais se ela pensa em você e ainda assim perguntar pros amigos dela se ela fala em você. Não querer lembrar quais CD’s ele deixava em cima do banco da frente do carro e ouvir todas as músicas que ele mais adora. Não querer olhar pra ela no meio do baile, com medo de que ela também esteja olhando pra você. Não querer encontrá-lo e ir todo final de semana no lugar que ele mais costuma freqüentar. Ser covarde não é trair quem você ama. Ser covarde é trair-se.

Os que se divertem com sentimentos, no final, acabam sendo apenas “mais um”, justamente por esse ser o padrão desse mundo invertido. Covardia é limitar-se. Covardia é não amar por medo de sofrer e fazer de gato e sapato a pessoa que ama você.

Covardia é, além de ser covarde, ser covarde e achar lindo.










(...)

"De qualquer forma, não esqueça das seguintes verdades:
Não faça nada que não te deixe em paz consigo mesma;
Cuidado com o que anda desabafando;
Conte até três (tá certo, se precisar, conte mais);
Antes só do que muito acompanhado;
Esperar não significa inércia, muito menos desinteresse;
Renunciar não quer dizer que não ame;
Abrir mão não quer dizer que não queira;
O tempo ensina, mas não cura."

(Martha Medeiros)




- Nem sempre se vê mágica no absurdo... ♫

quarta-feira, 24 de março de 2010

(Im)possibilidades (in)coerentes

Abri a luz, acendi a porta, sentei no ventilador e liguei a cama. Dei corda no celular e verifiquei se haviam novas mensagens no relógio. Não haviam.

Resolvi sair dos meus poemas para escrever alguns devaneios, mas logo que sentei na paciência perdi a cadeira e antes mesmo de amassar, reli o papel. Mesmo no lixo joguei assim.

Tamborilei as pernas pela mesa e sacudi os dedos. Pensei pela janela e olhei: Porque a demora não toca? Que droga de telefone!

Levantei. Saí pela decisão e tomei uma porta, olhei as pessoas e cumprimentei alguns outdoors até ouvir a meia-noite bater um relógio. Voltei pra porta e abri a casa.

Diziam que eu era louca sozinha, só porque eu ria e meu contente era riso. Talvez eu estivesse brincando de sonhar com você.

Apaguei a porta e fechei a luz. Deitei naquela sua carta que recebi há muito tempo e reli pela milésima vez a cama. A uma só é verdade: Você ainda me ama.




- Onde tudo é incontestavelmente impossível e incoerente, menos a última frase, que é coerente, mas impossível ou possível, vai saber?

Mais uma entre tantas idéias loucas...




"(...)Há sempre o momento de pedir ajuda, de se abrir, de tentar sair do buraco. Mas, antes, é imprescindível passar por uma certa reclusão. Fechar-se em si, reconhecer a dor e aprender com ela. Enfrentá-la sem atuações. Deixar ela escapar pelo nariz, pelos olhos, deixar ela vazar pelo corpo todo, sem pudores. Assim como protegemos nossa felicidade, temos também que proteger nossa infelicidade. Não há nada mais desgastante do que uma alegria forçada. Se você está infeliz, recolha-se, não suba ao palco. Disfarçar a dor é dor ainda maior."

(Martha Medeiros, né? ♥)

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sem sinal

Você costumava estar comigo em todos os segundos. Você estava comigo naquela noite que eu não conseguia dormir, estava comigo quando eu andava à pé no centro da cidade debaixo do sol. Você estava comigo em todas as coisas, no tic-tac do meu relógio, no cheiro da minha roupa limpa, na ponta dos meus dedos toda vez que resolvia escrever. Nas flores do jardim da minha casa que ficavam mais bonitas à cada dia. Até no ursinho de pelúcia jogado na minha cama, quando eu o abraçava antes de dormir.
Sabe o que é mais estranho nisso tudo? Há um segundo atrás nada havia mudado. Eu ainda conseguia te sentir aqui e você continuava em todas as coisas e lugares. Continuava em mim. Você era meu melhor sonho e ao mesmo tempo, meu pior pesadelo; essa noite acordei com um susto e me coloquei em pé antes mesmo de um segundo se completar, como se uma pancada muito forte tivesse me atingido com precisão no meio do peito. Olhei pros lados, você não estava; e naquele instante eu literalmente implorava por ar. Foi quando percebi a imensa falta que você me faz e isso muda tudo.
São coisas que eu não deveria sentir, mas sinto. Fazer o que? Então pronto, eu lhe dou a permissão de invadir minha vida de novo. Bata na porta do meu quarto e entre. Vai, detona! Rasgue todas as fotos do meu mural, queime todas as cartas, passagens e ingressos que guardo de recordação. Jogue fora todos os presentes que ganhei. Preencha toda essa droga de vazio com a sua presença de uma vez por todas, não precisarei de mais nada. Não suporto essa demora. Há um segundo atrás eu ainda te sentia aqui, como pode tudo ter mudado? Intuição? Espero que não...
Nesse exato segundo não sinto mais nada, como se tivesse uma repartição entre o mundo e a mim. Me desconectei de tudo, sou uma televisão sem sinal.
Tic-tac, tic-tac...
Sou uma bomba-relógio pronta pra estourar.
Tic-tac, tic-tac... me traz de volta, que seja apenas uma falsa presença, mas seja.
Tic-tac, tic-tac...
Vai passar, vai passar, vai passar....









"(...)Todo o resto e muito vasto. E nossa porra-louquice, nossa ausência de certezas, nossos silêncios inquisidores, a pureza e inocência que nos mantem vivas dentro de nós mas que ninguém percebe, so porque crescemos. A maturidade é um álibi frágil. Seguimos com uma alma de criança que finge saber direitinho tudo o que deve ser feito, mas que no fundo entende muito pouco sobre as engrenagens do mundo. Todo o resto é tudo aquilo que ninguém aplaude e ninguém vaia, porque ninguém vê."

(Martha Medeiros)

- No air, no air... ♫

sábado, 20 de março de 2010

Éramos dois


Éramos dois despreocupados. Eu te olhando enquanto você não percebia e você me observando com ousadia.

Minha covardia era explícita. Olhar-te nos olhos poderia ser fatal, causando-me danos permanentes. E você tinha muita coragem. Admirável, jogando com as palavras e as situações.

Éramos dois sossegados, sentados na mesa no canto do bar, escutando o músico que usava roupas velhas tocar. Ríamos por pouca coisa, até de nós mesmos.

Os carros continuavam passando, seguindo em várias direções. Aviões voando, pessoas falando, música tocando, velas se apagando... tudo tinha uma continuação, até nós. Eu continuava suas frases e você continuava em mim.

Tudo se completava de algum jeito. Éramos encontro e desencontro. Éramos dois ambíguos.

Tínhamos nossas diferenças, como todo mundo tem. De longe eu sentia seu cheiro e como num passe de mágica, você estava bem na minha frente. Você era o pavio, eu era a chama.

Às vezes éramos dois estranhos e isso acontecia com tanta freqüência, que virou rotina.

Saudade dói porque não traz ninguém de volta.

Éramos dois...









"o que eu lembro de nós, e teria tanto pra lembrar, são apenas as mãos entrelaçadas
naquela tarde numa mesa de calçada, era um bar, nada mais havia para conversar
tentamos dizer as últimas palavras, dar um epílogo decente ao nosso amor
mas nenhum sentimento era soletrável, parecíamos dois gagos rumo à desistência
então tuas mãos pegaram as minhas, teus dedos brincaram com meu anel
e nem era um anel dado por ti, jamais perguntaste sobre meu passado
e meus dedos encaixaram-se entre os teus, e as pontas dos polegares roçaram-se
e os chopes esquentaram, o silêncio tomou posse da mesa, nossas mãos de uma ternura que seríamos incapazes diante do final, e é delas que eu lembro, não envelheceram
te amo com as mãos até hoje, te escrevo, agora escreva pra mim, com as tuas"
(Martha Medeiros)






;- make a toast to the moon and drink...

quinta-feira, 18 de março de 2010

Minuciosamente


Eu gosto dos mínimos detalhes, e daí? Aqueles mesmo que (quase) ninguém nota. Hoje, aquele sentimento que todos chamam de amor, bastou-se em beleza exterior. Tudo bem, é ridículo dizer que “o que importa é o interior”, mas é. Não é porque é ridículo que é não é verdade.

Futilidade me cansa. Gosto de pessoas que são bonitas e têm o corpo escultural, mas isso não é essencial. Minha escolha é fundamentada nos olhos, sejam eles azuis ou castanhos. No sorriso, especialmente se for um sorriso de canto de boca, com covinha. O som da gargalhada me encanta. A forma de mexer nos cabelos, o jeito de se vestir, mesmo que não sejam roupas de marca, que seja uma camiseta velha... se lhe cair bem, ponto final.

Prefiro estar sentada em um restaurante quase vazio – afinal, lugares totalmente vazios, tornam-se monótonos – ao som de Kenny G, em uma noite de verão à uma balada. Quero espaço pra dançar, mesmo que seja uma música lenta. Gosto de observar a delicadeza (ou falta de), de cada movimento. As flores que me esperam à mesa. O ritmo, as luzes, todas as cores. A cera pingando enquanto a vela lentamente se apaga. O tic-tac do relógio. Os brindes, os olhares...

As bochechas, as mãos, as orelhas. A cor do sapato. A voz, a forma de segurar na taça de champagne e a forma de bebê-lo.

Detalhes sãos como obstáculos inevitáveis e se apreciá-los for pecado, por mim tudo bem. Afinal, tudo o que é fútil sempre me pareceu fácil demais. Ou vice-versa.








Martha Medeiros é simplesmente fantástica. Uma das únicas que consegue (quase) expressar com maestria e exatidão tudo o que sinto, afinal “nem toda voz que canta o amor diz tudo o que quer dizer”.



“ (...)Sua amiga que piscou o olho pra você lá do outro lado da festa, o afeto atravessando o salão e desviando dos convidados que separam vocês duas. A chama da vela que balança porque você está gargalhando. O casal que caminha na noite escura na beira da praia, agasalhados e agarrados, achando que ninguém os vê. Um resto de bolo dentro da geladeira.

O canhoto do cartão de embarque no fundo da bolsa. A almofada que caiu do sofá da varanda por causa do vento. O vapor que embaçou o espelho do banheiro depois do banho. A mochila em cima da cama da sua filha. Seu filho dormindo.

A poesia é uma fatalidade do olhar. Basta um frame de segundo e ela se revela, para então se esconder novamente atrás da pressa, do tédio, do desencanto, do hábito, do medo do ridículo que paralisa todos nós. Eu hoje não vim aqui para trabalhar, vim estimular o mistério.”

(Martha Medeiros)

segunda-feira, 15 de março de 2010

- a lot to say

Muito e nada a dizer.
Muito porque é muito mesmo. Nada porque nada que seja completamente útil.
Primeiro: Pirei quando vi essa cabine de telefone lá na faculdade, tive que tirar uma foto. Com a mão no bolso claro, porque calças que não têm me irrita, uma vez que tenho mania de andar com as mãos dentro do bolso.
Lógico que eu pirei porque é igualzinha à cabine do Harry Potter e como uma fã incondicional, não pude deixar essa foto passar, haha!

Segundo: BBB ME IRRITA!!!!!!
Eu gosto da Lia e do Cadu. Acho que ele vai ganhar, mas torço por ela. O Michel é um perfeito idiota. Quanto aos outros não tenho nada a dizer, a não ser quanto a Fernanda, que depois que descobriu que está SOLTEIRA (em caps lock ainda...), ficou totalmente perdida. Não que eu a culpe por isso, é claro. Tanto que o texto que escrevi hoje e vou postar aqui, foi inspirado nessa situação dela.

Terceiro: Escutei durante 4 dias seguidos Claudia Gerini - Maniac, então:

Já conhecia a original, que por sinal é muito boa, mas essa versão foi pra ferrar de vez. É a melhor. She's a maniac, maniac on the floor and she's dancing like she's never danced before... -♫

Enfim, o texto:

Pra que tanta desconfiança? Se alguém diz que te ama, então pronto, esse alguém te ama. Três palavras apenas, eis o que é preciso.
Acredite em tudo o que lhe disserem, afinal amor é confiança. Nunca deixe que a pessoa que você ama sinta sua falta – seja um bom ouvinte, esqueça seus problemas e apenas saiba lidar daqueles que não são seus.
Dedique-se inteiramente a alguém. Deixe de freqüentar os lugares que você mais gosta e de tomar aquela cerveja com seus amigos.

Confie cegamente. Se alguém diz que você é a coisa mais linda do mundo, é porque você é. Porque alguém mentiria sobre isso? Seria tão cruel.
Atenda todas as ligações antes do segundo toque e responda imediatamente todas as mensagens que receber no celular. Fazer com que te esperem é antiético.

Se alguém olha bem no fundo dos seus olhos e diz que nunca te traiu, saiba que você é uma pessoa de sorte.
E ao ser respeitado(a), retribua com toda a fidelidade que puder – quando sair pra dar uma volta nem olhe pro lado e, se alguém vier pra cima de você com segundas intenções, corte o mal pela raiz. Isso poderia gerar uma discussão, que está absolutamente fora de cogitação.

Viva seu romance perfeito e depois de dois meses me ligue pra contar porque acabou.

***

Anyways, tô cansada. Acho que vou ler um livro...
Estudar a noite não é tão fácil assim, mas eu amo. Mil vezes melhor do que acordar cedo, com a vantagem de que vejo o pôr-do-sol todo dia, need I say more?



Hoje não colocarei um trecho de martha medeiros e sim, um texto inteiro. Maravilhoso por sinal. Strip-tease é o nome.



Chegou no apartamento dele por volta das seis da tarde e sentia um nervosismo fora do comum. Antes de entrar, pensou mais uma vez no que estava por fazer. Seria sua primeira vez. Já havia roído as unhas de ambas as mãos. Não podia mais voltar atrás. Tocou a campainha e ele, ansioso do outro lado da porta, não levou mais do que dois segundos para atender.


Ele perguntou se ela queria beber alguma coisa, ela não quis. Ele perguntou se ela queria sentar, ela recusou. Ele perguntou o que poderia fazer por ela. A resposta: sem preliminares. Quero que você me escute, simplesmente.
Então ela começou a se despir como nunca havia feito antes.

Primeiro tirou a máscara: "Eu tenho feito de conta que você não me interessa muito, mas não é verdade. Você é a pessoa mais especial que já conheci. Não por ser bonito ou por pensar como eu sobre tantas coisas, mas por algo maior e mais profundo do que aparência e afinidade. Ser correspondida é o que menos me importa no momento: preciso dizer o que sinto".

Então ela desfez-se da arrogância: "Nem sei com que pernas cheguei até sua casa, achei que não teria coragem. Mas agora que estou aqui, preciso que você saiba que cada música que toca é com você que ouço, cada palavra que leio é com você que reparto, cada deslumbramento que tenho é com você que sinto. Você está entranhado no que sou, virou parte da minha história."

Era o pudor sendo desabotoado: "Eu beijo espelhos, abraço almofadas, faço carinho em mim mesma tendo você no pensamento, e mesmo quando as coisas que faço são menos importantes, como ler uma revista ou lavar uma meia, é em sua companhia que estou".

Retirava o medo: "Eu não sou melhor ou pior do que ninguém, sou apenas alguém que está aprendendo a lidar com o amor, sinto que ele existe, sinto que é forte e sinto que é aquilo que todos procuram. Encontrei".

Por fim, a última peça caía, deixando-a nua
"Eu gostaria de viver com você, mas não foi por isso que vim. A intenção é unicamente deixá-lo saber que é amado e deixá-lo pensar a respeito, que amor não é coisa que se retribua de imediato, apenas para ser gentil. Se um dia eu for amada do mesmo modo por você, me avise que eu volto, e a gente recomeça de onde parou, paramos aqui".

E saiu do apartamento sentindo-se mais mulher do que nunca.
(Martha Medeiros)







Paramos aqui.

segunda-feira, 8 de março de 2010

Dia da mulher


Para todas as mulheres que fazem parte da minha vida, uma frase. Cada uma tem uma, cuja última palavra rima com o seu nome. Vocês saberão quem são :)



A mais linda de todas, a não ser que eu me engane...

Um sorriso mais encantador que o de Monalisa...

Meu amor de toda e qualquer forma...

Tudo em você cintila...

Tão igual a mim em todas as coisas, eterna aprendiz...

Pequenina, doce e ao mesmo tempo irritadiça...

Uma palavra só não te define...

Ingenuidade em pessoa, até que se desengane...

Rosa amarela, tão bonita quanto ela...

Dezoito anos passaram, e a gente ainda se vê quase todo dia...

Altas risadas, a melhor petropolitana...

Bem no fundo dos seus olhos apertados, uma criança travessa...

Em todas as terças-feiras à noite, uma jóia rara...

Voltaria no tempo sempre teimando com todos, afinal sou ariana...

E por fim, deixar que a história se repita...



Tenho certeza que todas vocês sabem quem são. A ordem em que as frases foram colocadas não quer dizer que uma é mais especial do que a outra. Todas são, cada uma da sua maneira.

Feliz dia da mulher. Inclusive à mim!


Um beijo.




- foto tirada ontem, quase 4 da manhã. Minha cara de sono é péssima, eu sei.


"Há homens que têm patroa. Há homens que têm mulher. E há mulheres que escolhem o que querem ser."

(Martha Medeiros)

quinta-feira, 4 de março de 2010

Brittle Heart


Lancinante, eis a palavra que define minha dor. Você pode até dizer que é exagero. Tudo bem, esta é a sua opinião. A pior dor é sempre de quem a sente, não de quem a observa de fora, de camarote.
Detonar um coração é realmente muito simples, basta enfraquecê-lo até que se renda aos encantos de alguém. Alguns corações são intocáveis, alguns são menos intocáveis que os outros e existem os fáceis, que são os mais carentes e apaixonados - costumo chamá-los de corações quebradiços. E o meu é um desses, como se tivesse sido feito de vidro ou de algum outro material frágil. Tem dias que nem consigo sentí-lo.
Teimoso, é o que ele é - meu coração, quero dizer. Gosta de brincar, especialmente se for de "faz de conta". Ontem ele fingia estar calmo. Hoje, finge estar acelerado. Eu não entendo.
Bate coração. Lancinante, eis a palavra que define minha dor - faz de conta que nunca a sentiu, que é aprendiz. Ria da minha cara, coração. Cuida de mim e faz de conta que é feliz...








Pra quem não viu, Parte 1:

Parte 2:

e, por fim, parte 3:

:)



“Só nós dois sabemos que não se trata de sucesso ou fracasso. Só nós dois sabemos que o que se sente não se trata — e é em nome deste intratável que um dia nos fez estremecer que agora nos separamos. Para lá da dilaceração dos dias, dos livros, discos e filmes que nos coloriram a vida, encontramo-nos agora juntos na violência do sofrimento, na ausência um do outro como já não nos lembrávamos de ter estado em presença. É uma forma de amor inviável, que, por isso mesmo, não tem fim.”
(Martha Medeiros)




Martha Medeiros é a melhor escritora que existe. Simples assim.